A maior subjetividade poética é o amor E o amor nada mais é que a irracionalidade Abstrata do desejar. Sem tocar quando se sente Amar mesmo estando ausente Um ser quase que inexistente se comparado Ao seu amor. Amar sem querer, por querer e assim querer Sempre amar ainda mais. Amar em um mundo tão contraditório se torna A experiência mais louvável neste grande laboratório. Um desafio para a dureza de nossos sentimentos Que rebelados ou enterrados continuam os mesmos... Na subjetividade de nossos medos.
Se a poesia for capaz de descrever ao menos um pouco da dor que sinto Da saudade enraizada em meu ser Da angustia que me faz refém Não farei outra coisa a não ser escrever Mas ainda sinto que minha dor não pode ser narrada, Nem descrita, nem derramada em palavras... A dor que me atravessa a alma não pode ser amenizada, Não pode ser tratada... É uma dor que não pode ser curada E o espírito já se encontra morto Dentro de um corpo aparentemente vivo Mas que há tempos já não responde a nenhum estímulo Mas espere, agora percebo que minha poesia também morreu Pois ainda são as mesmas de quando eu vivia.
Não ouso compreender o poder da palavra Apenas me julgo e me declaro Prisioneira do mal que escrevo. Não meço o sentimento e nem o verso Disparo rajadas de ressentimentos Sem arrependimento. E depois enalteço a vida com tal apreço Que chego acreditar em tudo que desconheço
Nesse paradoxo artesanal de palavras É construída e destruída toda realidade Seja na lógica de toda mentira Ou na necessidade efêmera da verdade.