sábado, 25 de agosto de 2007

PEQUENA OBRA DE ARTE

Estava já alguns minutos andando pela avenida Paulista, e o Parque Trianon estava do outro lado da rua, com toda sua imponência em meio aos prédios frios e incólumes. Meu olhar combinava perfeitamente com tal cenário. Estava tão gélido e imparcial , além de ter um toque de arte abstrata, assim como algumas obras do Masp. Mas de todo aquele acervo exposto no museu, o que mais chamava minha atenção era o que ficava do lado de fora. Ao me sentar no vão livre do masp vejo a avenida como um grande quadro. Consigo visualizar a moldura e sentir a textura e profundidade contida nessa pintura. Meus olhos tentam acompanhar o movimento frenético desse quadro em movimento, mas logo me perco em um detalhe irrisório e que geralmente acaba passando despercebido. Eu me pego por alguns instantes observando as pessoas que ali transitam, e meu coração se enternece e se entristece ao mesmo tempo. Pois aqueles transeuntes não sabem que estou contemplando o renascer da arte, antes que a matem no horário comercial.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

NUNCA SE SABE

Me perdi no espaço e no tempo
Entre o mistério e o silêncio
Em meio às atitudes e os pensamentos
Nada mais esta inteiro
O amor se rendeu ao desespero
Os dias já não são os mesmos
Neste céu azul cinzento
Nem a paisagem serve de alento
Não ouço os pássaros
Não sinto o vento
Meus olhos estão secos
Só vêem concreto e cimento
Muralhas que cercam uma cidade fortificada
Encontrei-me agora
Estou embalsamada em minha mortalha
A espera de ser enterrada
Morta?
Viva?
Nunca se sabe...

sábado, 11 de agosto de 2007

PRETEXTO

Sou tudo o que sei
Sou tudo o que não sei
Não sou nada do que digo ser
E as palavras dizem tudo
Tudo o que não sinto
Tudo o que não sou
E meus olhos não mentem
Não escondem mais a dor
De ser o que não sou
E minhas mãos tocam sem sentir
Faço promessas para não cumprir
E por um momento penso seriamente em morrer
Assim seria mais fácil viver
A morte lenta é perversa
Me mata sem pressa
Me sufoca, me asfixia
Sou só mais uma vítima
Que morre aos poucos
Todos os dias
E dói saber
Que sou a algoz
A impiedosa assassina
De todas verdades
E de todas mentiras
Que penso,
Que invento,
Que creio,
E por um momento
Como num encanto...desapareço
Não me vejo em nenhum espelho
Não me perco em nenhum beco
O mundo não é mais estreito
E agora eu posso dizer que me conheço
A morte era só um pretexto
Para não amar.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Viver uma Paixão


Viver uma paixão...
É viver...
Simplesmente viver.
Se sentir viva.
Para depois
Sem explicação...morrer
A paixão da mesma forma
Que é cravada
Nos é arrancada de nossa alma
Fica marcada, fincada, enterrada
Flores e espinhos que brotam
Do terreno baldio
Restos do jardim que cultivei
Lembranças de um amanhecer
Ilusões que irão permanecer
A paixão nos faz sofrer
Nos faz viver
Até que um dia
Estamos prontos outra vez
Para renascer.
Assim como o jardim
A espera da primavera.