quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ROMAN

Hoje minha vida é um conturbado romance francês...
Descrita em páginas amareladas pelo tempo
Inspirada na contraditória emoção refletida em Stendhal.
O capítulo presente é tão inóspito
Totalmente impróprio para leitores mais ávidos por aventuras.
Assim fulguram inúmeras páginas tingidas por amarguras
Nas entrelinhas de uma solidão profunda.
Drama indispensável
Verdades inconfessáveis.
Ingredientes fartos nessa narrativa incerta e imprecisa.
E tal autora não se arrisca a escrever o fim.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

INÚTIL COVARDIA

Enquanto me retraio na clausura de minha covardia,
O amor desfila toda sua glória e sua valentia diante de mim.
E eu fico inerte...imóvel
Ao esboçar reações que não se concretizam.
E o tempo sombrio sussurra ao meu ouvido que não sou nada.
E por mais que eu saiba que sou alma, que sou vida e luz.
O medo de forma vil e debochada
Ironiza essa paz dissimulada.
Zombando de minha confusão,
Dessa comodidade em vão.
E o amor sem vacilar
Me convida aos riscos, aos prazeres,
As lágrimas, a dor e sua total redenção.
Nessa hora silencio meus pensamentos, meus gestos
E quanto às palavras....
Retire-as de minha boca agora.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

CASUALIDADE SEM CAUSA

Ignoro o embaraço
Quando me desfaço do acaso
O acaso que por acaso não existe!
Vê! Nem mesmo este poema é por acaso
Nem mesmo os fatos, os passos,
As quedas ou os saltos...são por acaso.
Assim como meu grito, meu silêncio e meus gemidos,
Jamais foram sem motivo.
Tudo vai em direção de algum sentido
Mesmo quando não se pode prever o seu destino.
É assim com os sonhos, com as palavras,
Com as promessas, com as paixões...
Ameaças permanentes, que desafiam a força do acaso...
Esse acaso inexistente.

domingo, 6 de janeiro de 2008

DECLARAÇÕES


Quantos lábios beijei
Quantas mãos afaguei
Quantas declarações...
Invenções que eu criei.
Pessoas que eu jamais amei
Nem tão pouco a elas me entreguei
Me iludi por assim querer
E sofri sem querer sofrer
Confesso...amei um único ser
Que me fez ver
Que tudo o que senti e sinto
Não é amor
É apenas um refúgio para esquecer
O que eu temo jamais esquecer
O único e verdadeiro amor
Que me atrevi viver.